Projeto investiga autoritarismo em sete países da América Latina

AQUÍ MANDO YO irá registrar políticas e ações autoritárias em sete “agendas de emergência” e inclui a produção de 28 reportagens, sete diagnósticos acadêmicos e um regional, além de 15 eventos digitais 

Projeto investiga autoritarismo em sete países da América Latina

São Paulo, 11 de novembro de 2021 – Neste domingo (14/11), a Dromómanos, produtora mexicana multipremiada dedicada à investigação jornalística, lança Aquí Mando Yo, Democracias Frágiles, Políticas Autoritárias (Aqui Mando Eu, Democracias frágeis, políticas autoritárias). Esse projeto transnacional busca compreender as expressões do autoritarismo latino-americano em sete países: México, El Salvador, Nicarágua, Colômbia, Venezuela, Brasil e Chile.

A iniciativa, que também envolverá publicações em sete meios de comunicação latino-americanos, combina jornalismo com pesquisa acadêmica para mostrar os riscos à democracia enfrentados por esses países. Isso será feito por meio da análise e categorização de eventos ocorridos nos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19.

A América Latina sobreviveu a seu passado de ditaduras militares e guerras civis para enfrentar um novo tipo de autoritarismo eleito democraticamente. A pandemia de covid-19 evidenciou ainda mais a redução da responsabilidade e a falta de transparência nos gastos públicos, na Colômbia e na Venezuela; bem como a retórica da criação de inimigos públicos, na Nicarágua e no Brasil. Os sete países que investigamos têm em comum a militarização gradual e constante da administração pública e pouca ou nenhuma tolerância à auditoria pública”, afirma Alejandra Sánchez Inzunza, diretora geral da Dromómanos.

Agenda de Emergência

Para evidenciar os riscos à democracia nos sete países, Aquí Mando Yo irá realizar um registro de políticas e ações autoritárias em nível regional por meio de sete “agendas de emergência”, inspiradas na plataforma homônima desenvolvida pelo Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo no Brasil – LAUT (https://agendadeemergencia.laut.org.br/). Além disso, o projeto inclui investigações feitas por acadêmicos dos sete países envolvidos, bem como reportagens jornalísticas, para entender o novo autoritarismo latino-americano como fenômeno além das ideologias de esquerda e direita. Essas reportagens serão publicadas em parceria com sete mídias latino-americanas: o jornal El Universal (México), o portal El Faro (El Salvador), o site Divergentes (Nicarágua), o site Cerosetenta (Colômbia), o site Efecto Cocuyo (Venezuela), a revista Piauí (Brasil) e a agência La Pública (Chile).

Lançamento

Aquí Mando Yo, que surge de aliança entre o Dromómanos e o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo no Brasil (LAUT), é lançado no dia 14 de novembro, com a publicação dos sete primeiros relatórios – de um total de 28 – e das sete agendas emergenciais contendo centenas de eventos autoritários realizados pelos governos de cada país. E no dia 15 de novembro, às 9h00, será realizada uma conversa no Youtube: “Você vive em um país autoritário?”. Participam a jornalista chilena Mónica González, o escritor nicaraguense Sergio Ramírez e o escritor mexicano Jorge Volpi, para analisar os novos autoritarismos e os riscos para a democracia na região.

A investigação continuará ao longo de 2022 e incluirá também a publicação na mídia internacional de pesquisas acadêmicas de âmbito regional, artigos de opinião, eventos e conteúdos em redes sociais, além de um livro jornalístico.

O microsite do projeto disponibiliza os atos autoritários dos governos investigados, seu contexto, suas implicações e seus pontos de concordância. Os dados recolhidos pelos acadêmicos são de acesso livre e qualquer pessoa pode navegar de acordo com as suas preferências: por país, por tipo de violação de direitos, por data, entre outros.

Estamos convencidos de que esta nova metodologia de estudo das políticas autoritárias na região é uma contribuição significativa para a compreensão dos países como um todo e mostra que a tomada de decisões políticas que atinge milhões de pessoas diariamente em questões de saúde, direitos humanos, liberdade de expressão e transparência não são casos isolados”, conclui Alejandra Sánchez Inzunza.

Acompanhe as novidades no site do projeto e nas redes do LAUT.