Motim, não: massacre

Há 28 anos, memória das vítimas do Carandiru sofre com resistência do Estado em reconhecer sua responsabilidade

Motim, não: massacre

Existe uma forma correta de lembrar um massacre? Existe algo a ser feito com as lembranças das vítimas, as histórias dos sobreviventes e o que ficou para os familiares? É possível falar em memória de algo que segue acontecendo? Eis algumas das perguntas que nos fazemos quando pensamos, 28 anos depois, no que significa escrever sobre o Massacre do Carandiru. Quase três décadas passadas, o Estado não assumiu a responsabilidade nem a atribuiu a ninguém; enquanto isso, passageiros da linha azul do metrô de São Paulo leem “Estação Carandiru” todos os dias e veem, pela janela, um parque onde antes era o complexo prisional. Será que algum passageiro se lembra daquele 2 de outubro de 1992?

A demolição do Carandiru e a construção do Parque da Juventude foi uma tentativa de apagar do espaço e da memória coletiva o fato de que ali pelo menos 111 pessoas foram mortas. O projeto de lei 999-2003, apresentado na Assembleia Legislativa, pedia a mudança do nome da estação para “Parque da Juventude”, para superar um passado violento associado ao nome do complexo penitenciário.
Atualmente, em um extremo do Parque da Juventude há o Museu Penitenciário Paulista; no outro, dentro de uma Escola Técnica (ETEC), o Espaço Memória Carandiru. Entre ambos, o parque, decorado com esculturas e monumentos que remetem à liberdade, à paz e à reflexão. Do Carandiru restam, na imensa área verde, apenas ruínas da muralha e de um pavilhão jamais concluído.

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Fotografia: Edgar Azevedo