Era um domingo de janeiro e acompanhávamos, olhos ansiosos, uma sessão extraordinária da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), em que se autorizaria o uso emergencial das vacinas da Coronavac e da Astrazeneca contra a Covid-19, desenvolvidas em parcerias com o Instituto Butantan e a Fiocruz. A sessão consistiu na leitura dos votos, em que diretores da agência se sucederam explicando a importância das vacinas e o processo de sua análise, reiterando a gravidade do problema da pandemia de Covid-19 e a importância da ciência, indicando os efeitos deletérios do “negacionismo” e refutando a ideia de que há “tratamento precoce” contra a doença. O diretor Alex Campos manifestou apreço pelos questionamentos dirigidos à agência, que ele compatibilizou com a democracia e a ciência, mas também fez ver que suas ações foram pautadas por critérios técnicos e orientadas para a prestação de serviço público. Superada essa etapa, as atenções agora tendem a se voltar para a urgente campanha de vacinação, que tem sido uma política de superação de desigualdades e que ganhou especial importância com a constitucionalização da saúde pública, em 1988, como mostrou Natália Pires em sua resenha do livro Health as a human right: the politics and judicialisation of health in Brazil, de Otávio L. M. Ferraz. Mas ela pode enfrentar obstáculos importantes e sem precedentes.
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