Em Limites da democracia, Marcos Nobre apresenta um instigante ensaio para pensarmos o estado de nossa política e de nossa reflexão sobre ela, tal como ambas, prática e teoria, se configuraram de 2013 para cá. Em meio à cacofonia da discussão pública, na qual vozes autoritárias dão forma e andamento à pauta, não é pouca coisa. Trata-se de um trabalho de reflexão que nos convida a repor questões, repensar respostas, desfazer amálgamas e evitar soluções fáceis, como aquelas que começam e terminam em “junho”, “Bolsonaro”, “novas direitas”, “presidencialismo de coalizão” e “democracia”.
A tese do ensaio consiste no diagnóstico de que “não há mais ancoragem na realidade para a manutenção da institucionalidade própria das sete décadas posteriores ao final da Segunda Guerra Mundial”. É este o descompasso que dá origem ao estado de crise que vem alimentando sobretudo a extrema direita e seus projetos autoritários em países tão diversos como Brasil, Estados Unidos, Hungria, Polônia, Turquia, mas também França (com movimentos de esquerda e extrema direita) e Espanha (esquerda).