O sistema de pós-graduação brasileiro é um projeto educacional que deu certo. Suas bases foram lançadas durante o regime militar, que, sendo autoritário e repressor, era também desenvolvimentista e modernizante e apostou na criação de estruturas nacionais para a produção de ciência e tecnologia. Seu objetivo nunca foi o desenvolvimento das ciências sociais, cujas lideranças foram cassadas, presas, exiladas. Mas, criadas as regras de funcionamento e os instrumentos de financiamento, não foi possível impedir que as ciências sociais caminhassem rumo à institucionalização.
Os primeiros programas de pós-graduação em ciência política surgiram em meados dos anos 70, obra de uma geração que vinha de doutorados feitos no exterior ou que terminava sua formação aqui nos programas que estavam ajudando a pôr em pé. Ao mesmo tempo participavam, em órgãos como a Capes e o CNPQ, da criação das regras que passaram a reger o treinamento pós-graduado e os critérios pelos quais seus resultados seriam avaliados, não por burocratas, mas por seus pares. Nessa época, a pós-graduação em ciência política da Universidade de São Paulo e do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro formavam as principais lideranças acadêmicas que sustentariam a expansão dos programas.
O êxito dessa empreitada é enfatizado pelos organizadores de A nova ciência da política na apresentação: “a disciplina está organizada hoje em 62 programas de pós-graduação […] com cerca de 2.500 alunas e alunos matriculados, produzindo cerca de seiscentas teses e dissertações ao ano […]. Há vinte anos, a ciência política contava com apenas dez programas, cobrindo leque bem menor de linhas de investigação e com números bem mais modestos”. O propósito do livro é apresentar o que de melhor se fez no melhor programa de pós-graduação da área, segundo os que conduziram o processo de avaliação da Capes.