“Fique tranquilo em voltar ao dia 8, porque dele não saímos”, desferiu o ministro da Defesa José Múcio Monteiro em entrevista à Folha de S.Paulo sobre a efeméride que hoje completa um ano. E continuou, afirmando que nenhuma entrevista que concedeu desde que assumiu seu posto saiu do raio do Oito de Janeiro. Não é para menos.
Desde que aconteceu, instituições, políticos, movimentos sociais e cidadãos remam contra a normalização de um acontecimento sem precedentes na história brasileira e a favor da responsabilização dos envolvidos. Não tínhamos repertório para lidar com tamanho estardalhaço; fomos construindo ao longo do caminho. Tanto na base como na cúpula; de baixo para cima e de cima para baixo.
Em certo sentido, o atentado já vinha sendo fermentado há tempos, com a bênção da leniência institucional do governo Bolsonaro. Muitos acampamentos, hinos, coros anticelestiais e bloqueios de rodovias lhe serviram de precedentes; ele só coroou uma série de experimentos antidemocráticos anteriores. Ao mesmo tempo, inaugurou uma nova forma de ação incivil. Radicalizada, ativa, escatológica.
Olhando pelo retrovisor, conseguimos importantes conquistas desde então. Por outro lado, amargamos a blindagem de atores políticos e militares. O Oito de Janeiro começou há um ano e promete nos acompanhar por vários outros.