Da ameaça retórica à violência dos atos concretos, ambos protagonizados por autoridades governamentais e operadores simpatizantes de extremismos, o Brasil assiste a uma escalada autoritária sem precedentes neste século XXI – algo que se imaginava abolida em definitivo na nossa história política e cultural.
Num país de longa e trágica tradição de violações de direitos humanos e liberdades, de passado escravista e presente racista, com histórico indesejável de desigualdades e afrontas à atuação de jornalistas, ao meio ambiente e a populações em situação de vulnerabilidade, instaurou-se uma ordem ainda mais grave a partir de 2018.
A cultura e as artes são hoje vítimas dessa escalada autoritária.
Os episódios são cada vez mais extensos e intensos. Uma sequência de fechamentos de exposições e cancelamentos de shows, mostras, performances e festivais sob alegações obscurantistas. Ameaças a artistas e instituições culturais. Ordens judiciais de censura prévia. Destruição de terreiros religiosos. Perseguição político-ideológica a quem pensa diferente. Artistas e agentes culturais que mantêm posicionamento político (geralmente contrário ao governo) convertidos em inimigos a serem abatidos. Tentativas de controle ideológico dos segmentos culturais. Aversão à liberdade e ao pensamento crítico nas artes, na ciência e no conhecimento. Ataques a manifestações artísticas, posicionamento estético ou conteúdos relacionados à orientação sexual, de gênero e de raça.
A longa lista envolve conceitos e práticas que colocam em risco as liberdades individuais e o acesso à cultura. Somam-se ainda as constantes afrontas à democracia: ameaças às instituições democráticas, tentativas de restrição às liberdades de ensino e de expressão, uso de argumentos morais para restringir o debate político, entre outros males da democracia brasileira.
O Mobile – Movimento Brasileiro Integrado pela Liberdade de Expressão Artística – se insurge contra esse estado de coisas. Fruto da união de organizações e coletivos da sociedade civil preocupados com os rumos da liberdade de expressão artística e cultural, o movimento nasceu para resistir. Resistir e conscientizar a sociedade dos riscos em curso. Conscientizar e trabalhar para promover os direitos culturais e artísticos.
Porque o Mobile é isto: um movimento coletivo que acolhe, analisa e orienta casos de censura ou intimidação à arte, à cultura e aos artistas; que reforça o direito constitucional de liberdade da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, e de veto a toda e qualquer censura de natureza política, ideológica ou artística; que alerta, inspira e dá publicidade às denúncias de artistas e agentes culturais de todo o país.
A estes, o convite, a reação, a ideia-força de indignação e esperança: Diga não ao não.
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Acesse o site https://movimentomobile.org.br/
