Desradicalizar as Forças Armadas

Superar o acomodacionismo das relações do poder político com as instituições militares é tarefa de todo campo democrático

Desradicalizar as Forças Armadas

Em março deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, retirou o sigilo de 27 depoimentos que foram colhidos no inquérito que apura a tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desses, dezenove eram de oficiais do Exército e da Marinha no serviço ativo, na reserva e reformados. A lista de depoentes militares incluía um ex-presidente da República, dois ex-ministros da Defesa, um ex-comandante da Marinha, dois ex-comandantes do Exército e um ex-comandante da Aeronáutica. Pela primeira vez desde o início da Nova República, oficiais da cúpula das forças armadas tiveram que responder à justiça sobre possível envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

Desde a publicação do best-seller Como as democracias morrem (Zahar, 2018), de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, disseminou-se a ideia de que a era dos golpes de Estado com tanques nas ruas havia ficado no passado e a erosão democrática ocorreria de forma mais furtiva no século 21. Porém, no caso brasileiro, as forças armadas estão imersas em um processo de radicalização política desde os anos 2010, tendo como marco importante a crise política que antecedeu a deposição da presidenta Dilma Rousseff.

As manifestações contra o governo, iniciadas em junho de 2013, serviram como um movimento catalizador de um campo político autodenominado “patriota”. No interior desse campo, havia muita “gente esquisita” — como bem registrou Angela Alonso em seu Treze: a política de rua de Lula a Dilma (Companhia das Letras, 2023) — entre as quais um grupo que pedia uma intervenção militar. Em 2015, esse grupo que defendia uma pauta claramente antidemocrática encontrou um totem: o general Hamilton Mourão, então comandante militar do Sul, que fez duras críticas à presidenta. Desde então, um boneco inflável do general começou a ser exibido nas manifestações a favor do impeachment que ocorriam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

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