Bonito na foto

A diferença entre filmar um documentário com e sem filtro nos centros de detenção do estado de São Paulo

Bonito na foto

Dirigi uma série de tv sobre o sistema carcerário, Eu, preso, de oito episódios, produzida pela Mira Filmes com financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e que foi ao ar em 2019 no Canal Curta!. Hoje, quando assisto a ela, reparo como é “limpa”, asséptica, bem-acabada. Escolhi fazer planos fixos e abertos e, para tanto, tinha ao meu lado um diretor de fotografia parceiro de longa data, o Diego Lajst, que desenvolveu um trabalho impecável com a luz. Esse detalhe é da maior importância porque, para além do formato dos episódios, a série é toda pensada esteticamente em cada um dos frames.

Para entrar nas unidades prisionais, de penitenciárias a centros de detenção provisória (os CDPs), percorri todas as instâncias de autorização: a assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a direção da unidade prisional e um juiz ou juíza da Vara de Execuções Penais. Além das três autorizações necessárias, um filtro pesado ainda recaía sobre as entrevistas. Solicitava um perfil de preso (homem ou mulher, idade, se era mãe ou não, crime cometido etc.), porém jamais tive condições de conversar com várias pessoas para, depois, escolher quem filmaria. No dia e horário marcados, eu começava a rodar a câmera ao mesmo tempo em que conhecia o entrevistado. Quem trabalha com documentário sabe: o personagem é a alma do filme, e não poder conversar previamente com a pessoa pode complicar o processo.

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