Quase uma década se passou desde o impeachment de Dilma Rousseff. São vários os esforços de interpretar o que exatamente aconteceu, quais interesses estiveram envolvidos, quais causas levaram à derrubada. O novo livro de Fernando Limongi vem nessa toada, apontando causas que cientistas políticos chamam de endógenas — de dentro do sistema político — como principais motivos para a queda.
Por meio da reconstituição detalhada dos acontecimentos reportados pela imprensa, Limongi narra o que aconteceu em Brasília e em Curitiba desde o primeiro mandato de Dilma. Para o cientista político, não é possível entender os conflitos no interior da coalizão da então presidenta sem voltar ao fatídico primeiro governo. Isso porque Dilma foi uma defensora obstinada do combate à corrupção e assim foi rompendo com parte de sua base e figuras do próprio partido. Ao longo de cinco capítulos, Limongi costura essas rupturas.
Ao fazer sua faxina ética, demitindo ministros e cargos de segundo escalão envolvidos em casos de corrupção, a ex-presidenta foi perdendo apoio das lideranças no parlamento. Mas a faxina nos ministérios foi modesta perto do que fez na Petrobras, onde foi radical, nas palavras do autor. Lá, Dilma trocou os cargos de presidente e diretores e ainda acabou com a diretoria internacional que era do PMDB. Isso quase lhe custou a reeleição.