Mais de 130 mil mortes por Covid-19 no Brasil configuram uma tragédia. Mas, a julgar pelo debate público e pelo cotidiano nas cidades, parecemos não vivê-la como um drama coletivo. Não é por falta de informação. A imprensa noticia a evolução da pandemia e faz circular histórias dos falecidos, mostrando todos os dias seus rostos e a dor dos que lhes sobrevivem. Isso não basta, no entanto, para que a mortandade seja experimentada como experiência compartilhada — esta parece limitar-se às restrições decorrentes das medidas quarentenárias, cada dia mais relaxadas.
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Fotografia: Edgar Azevedo