Revolucionários tomam um palácio. A cena, historicamente associada a rupturas conduzidas por movimentos de esquerda, é o ponto de partida de 8/1: A rebelião dos manés, que se propõe a pensar o Brasil contemporâneo a partir do dia em que as sedes dos três poderes da República foram tomadas e depredadas por apoiadores da extrema direita. A partir daí, o ensaio analisa a inversão de papéis dos campos políticos nas últimas décadas para explicar a ascensão da extrema direita e o protagonismo do Supremo Tribunal Federal, temas urgentes condensados em quase duzentas páginas.
O volume convida o leitor a um estranhamento brechtiano em relação ao 8 de janeiro de 2023, com o objetivo de fazê-lo se espantar com o já conhecido e refletir de forma crítica numa perspectiva mais ampla. Neste percurso, busca estabelecer relações e propor questões numa história em movimento, arriscando-se teórica e politicamente, mas sempre com um texto claro, acompanhado de imagens inscritas no debate.
Desde o título, que soa zombeteiro para quem não leu o conteúdo, está presente o princípio geral que estrutura a argumentação. Como se sabe, depois do resultado da eleição de 2022, o ministro do STF Luís Roberto Barroso, abordado por um bolsonarista, disse a famosa frase: “Perdeu, mané, não amola!”. Os autores contam como a alcunha foi assumida por parte dos bolsonaristas, como um colunista da Jovem Pan, que anunciou uma “Revolta dos Manés” em 21 de novembro de 2022, e um candidato bolsonarista, que denominou “Levante dos Manés” sua convocação para o 8 de Janeiro.