O Brasil tem passado por um processo de radicalização política que afeta a qualidade da democracia brasileira e atinge diferentes níveis da sociedade. Episódios recentes incluem os ataques golpistas aos prédios dos três poderes no 8 de janeiro de 2023; a disseminação em massa de desinformação por grupos em mídias sociais questionando a legitimidade do sistema eleitoral; e a atuação da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições de 2022, ao barrar a entrada de eleitores em diversos municípios do país, para citar alguns.
Esse processo de radicalização modifica mentalidades e comportamentos individuais, além de alterar dinâmicas de grupos e o funcionamento de instituições políticas fundamentais, corrompendo normas e valores democráticos. Evidentemente, essa escalada de atitudes extremistas é perigosa, e acontece em pelo menos três níveis: a radicalização de indivíduos e grupos sociais; de organizações da sociedade civil; e de instituições políticas formalmente constituídas.
No Brasil, a radicalização antidemocrática opera como forma de disputa política de poder por meio da propagação de ideais antipluralistas, do delineamento de objetivos políticos autoritários e da eleição da violência física e política como repertório de ação. É uma forma de extremismo político pautada pela convergência entre métodos de ação e por mentalidades e ideologias extremistas que afeta variados campos sociais e políticos com o objetivo de disputar valores, normalizar a violência e cooptar autocraticamente arenas centrais da vida política.