Dois anos depois do 7 de Setembro em que Jair Bolsonaro mobilizou seus apoiadores, fez ameaças golpistas contra o STF e disse que só sairia morto da presidência e um ano depois do feriado nacional ter sido instrumentalizado pelo então presidente para atacar novamente as eleições e instituições democráticas, “a crise chamada Brasil” dá sinais de recuperação, segundo autores de livros que examinam a política brasileira das últimas décadas.
“O Brasil desinflamou. Não porque os agentes inflamatórios deram um tempo, mas porque o remédio foi forte. Forte o suficiente pra evitar golpes. Forte o suficiente pra começar a pensar que talvez seja hora de dar uma aliviada no tratamento”, diz Conrado Corsalette, editor-chefe do Nexo Jornal e autor de Uma crise chamada Brasil.
No entanto, para os autores, se a responsabilização de Bolsonaro e seus aliados parece mais próxima a cada dia, o caminho da autocracia ainda não está totalmente fora do roteiro se não for realizada uma reforma no sistema eleitoral.
“Tudo o que a gente mais queria dizer é que o caminho foi interrompido. Mas infelizmente, a resposta não é tão simples assim, porque temos, ao invés de um, vários caminhos da autocracia”, explica Marina Slhessarenko Barreto, pesquisadora e co-autora de O caminho da autocracia. “A autocracia não se constrói só com instituições, ela se constrói também com o movimento civil autoritário forte e com políticos autoritários fortes.”
Esse será um dos temas do debate de lançamento de Uma crise chamada Brasil: a quebra da Nova República e a erupção da extrema direita (Fósforo), de Corsalette; e O caminho da autocracia: estratégias atuais da erosão democrática (Tinta-da-China Brasil), de Adriane Sanctis, Conrado Hübner Mendes, Fernando Romani Sales, Mariana Celano de Souza Amaral e Marina Slhessarenko Barreto, pesquisadores do LAUT (Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo), na Livraria da Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (15), às 19h.
O encontro será mediado pela jornalista Cristina Serra — autora de Nós, sobreviventes do ódio: crônicas de um país devastado (Máquina de Livros), coletânea de crônicas publicadas na Folha de S.Paulo entre 2020 e 2023. Em seguida, os autores participam de uma sessão de autógrafos e um coquetel com o público presente e convidados.