“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”. A fala do ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, ao defender a reforma administrativa, surpreendeu a poucos e explicitou a já percebida tônica do atual governo em sua relação com os servidores públicos. Marcado por uma ideologia populista de extrema-direita que posiciona o serviço público como parte de uma elite inimiga a ser combatida, o tensionamento agressivo entre gabinete e burocratas tem sido uma constante no governo.
O ataque à reputação dos funcionários públicos, no entanto, não se limita a arroubos autoritários em discursos esparsos, mas faz parte de um conjunto de estratégias amplo e sistemático de opressão a servidores nas mais diversas áreas de políticas.
Burocracia e democracia são conceitos que caminham lado a lado. A construção dos estados modernos está diretamente associada ao estabelecimento de uma administração burocrática pautada por regras universais e impessoais e pela composição de quadros estáveis de funcionários selecionados por seu conhecimento técnico. É nesse sentido, portanto, que a burocracia se estabelece como salvaguarda das instituições democráticas.