e discriminação
no Brasil
Voando alto
Mesmo sendo maioria no Brasil, mulheres e pessoas negras não ocupam cargos altos nas estruturas de poder do Estado. Essa subrepresentatividade também vale para populações indígenas.
O Supremo Tribunal Federal tem 130 anos e até hoje apenas três mulheres e três negros ocuparam cargos como ministras e ministros em toda a sua história. No Legislativo – que conta com quase 600 cargos entre deputados e senadores –, a diferença é descomunal: 75% dos parlamentares são brancos.
Embora no Brasil haja 50 milhões de mulheres negras, somente 11 estão no Congresso. O pior: não há nenhuma senadora negra no país. E quando pensamos na representatividade de povos indígenas, há apenas uma: a deputada Joenia Wapichana. Já no quadro de pessoas com deficiências, existem somente duas pessoas, o deputado Felipe Rigoni e a Senadora Mara Gabrilli.
No oitavo e último episódio da temporada Autoritarismo e Discriminação, Natália Neris e Rafael Mafei discutem a problemática para entender o que acontece quando pessoas injustamente subalternizadas ascendem a posições de comando e passam a decidir o futuro daquelas que estão acostumadas a estar no topo.
Para isso, o Revoar traz ao centro do debate três grandes nomes de luta no ativismo por mudanças sociais: a deputada Benedita da Silva, única mulher negra que participou do grupo de deputados e senadores que escreveu e aprovou a Constituição do Brasil de 1988; a professora Eunice Prudente, única mulher negra a se tornar professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; e Luiz Eloy Terena – único advogado indígena com doutorado em antropologia pelo Museu Nacional e advogado da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB), representando a instituição em ação histórica no Supremo Tribunal Federal.
No derradeiro programa, convidadas e convidado conversam sobre as dificuldades que enfrentaram e continuam confrontando em suas carreiras e, também, nas lutas que adotaram para suas vidas, justamente por ser impossível dissociá-las de suas origens. Abordam, também, as perspectivas para o reconhecimento e preservação dos direitos e da igualdade de oportunidades para minorias étnico-raciais no Brasil.
O episódio explora as nuances da discriminação a grupos oprimidos em espaços de poder e como uma ideologia supremacista e discriminatória cria obstáculos para grupos desfavorecidos. Além disso, participantes fazem um balanço dos direitos conquistados e os desafios colocados ainda hoje a povos indígenas, mulheres e pessoas negras no Brasil.
A temporada se encerra ressaltando a importância de se remover todo e qualquer tipo de barreira que impeça a ascensão de grupos historicamente discriminados. Todas as histórias e exemplos narrados também mostram que a remoção desses obstáculos e o combate a esses privilégios é uma função importante do direito da antidiscriminação.
Aprofunde-se no tema
Ao final do episódio, apresentadores e convidadas indicam livros, filmes, documentários e artigos que colaboram para o aprofundamento do tema discutido. Confira:
Natália Neris indica:
- Acompanhar o trabalho da Coalizão Negra por Direitos
- E, também, a Escola Feminista de Abya Yala
Rafael Mafei:
- Leitura da ‘Carta de uma prisão em Birmingham‘, de Martin Luther King Jr.
- Livro ‘1988: Segredos da Constituinte‘, de Luiz Maklouf Cravalho, Editora Record
Benedita da Silva recomenda para o fim da pandemia a:
- Peça ‘O Pequeno Príncipe Preto‘, de Rodrigo França (lançado também em livro pela Editora Nova Fronteira)
Eunice Prudente:
- Livro ‘A nova segregação: racismo e encarceramento em massa‘, de Michelle Alexander, Editora Boitempo
- Acompanhar Mano Brown, do grupo de rap Racionais MC’s
Já Luiz Eloy Terena:
- Leitura dos livros ‘A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami‘, de Davi Kopenawa Yanomami, e ‘Ideias para adiar o fim do mundo‘, de Ailton Krenak, ambos pela Companhia das Letras
- ‘Um grande cerco de paz‘, de Antonio Carlos de Souza Lima pela Editora Vozes
- ‘A presença indígena na formação do Brasil‘, de João Pacheco de Oliveira e Carlos Augusto da Rocha Freire, Ministério da Educação e UNESCO
- Acompanhar os perfis nas redes sociais da líder indígena Sônia Guajajara
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Áudios utilizados no episódio 8
‘Jornal da Gazeta‘, da TV Gazeta
Fala do deputado Luís Carlos Heinze (PP/RS) em audiência pública
com produtores rurais.
Fala de Jair Bolsonaro em transmissão ao vivo durante viagem aos Estados Unidos, via redes sociais de Eduardo Bolsonaro
Discurso de Ailton Krenak, na Assembleia Nacional Constituinte
Fala do jornalista Rodrigo Bocardi durante o ‘Bom dia SP’, TV Globo
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O Revoar é publicado semanalmente, às quintas-feiras, sempre no começo do dia. A temporada Discriminação e Autoritarismo é apresentada por Natália Neris e Rafael Mafei, com produção da Radio Novelo. Para falar diretamente com a equipe, escreva para revoar@laut.org.br.
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Deputada federal (PT-RJ).
Professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Advogado da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Ficha técnica
O podcast é uma produção da Rádio Novelo para o LAUT
Apresentação: Natália Neris e Rafael Mafei
Coordenação: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Roteiro: Natália Néris e Rafael Mafei
Tratamento de roteiro: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Pesquisa: Marcelo Oliveira
Produção: Clara Rellstab
Edição: Claudia Holanda e Mari Romano
Finalização e mixagem: João Jabace
Engenharia de som com o apoio técnico da Som de Cena
Música original: Mari Romano
Identidade visual: Sergio Berkenbrock dos Santos
Distribuição: Bia Ribeiro
Coordenação digital: Karina Oliveira e Kellen Moraes
Para falar com a equipe: revoar@laut.org.br