Racismo climático?

Quem são os maiores responsáveis pela crise climática? E quem são as pessoas mais impactadas por essa crise? Será que esse debate tem cor? As respostas a essas perguntas levam à conclusão inequívoca de que não dá para falar de mudança do clima sem falar de racismo.

O Revoar já abordou vários aspectos do racismo estrutural e das mudanças climáticas, mas não chegou a tratar da questão do racismo ambiental ou climático. Aliás, sabe o que isso quer dizer exatamente?  

A discussão sobre racismo ambiental vem ganhando mais força no contexto climático, mas é uma luta política há, pelo menos, 30 anos. E a expressão “racismo ambiental” foi cunhada, primeiro, nos Estados Unidos, associada à concentração de mais atividades poluentes em bairros com maior presença de negros e negras.

Pesquisas mostram que, nos Estados Unidos, percentuais desproporcionais de pessoas negras vivem em locais poluídos por resíduos tóxicos, com impactos negativos à saúde, como câncer, asma, função cardíaca degradada e pressão alta.  Além disso, as comunidades negras estão desigualmente localizadas em áreas vulneráveis ​​aos perigos climáticos e recebem menor proteção do governo. Após o furacão Katrina, por exemplo, mais de 80% das casas perdidas pertenciam a negros, e estes representaram mais da metade do total de mortes.

Para entender como a história da crise climática está profundamente associada ao racismo, refletir sobre a lógica por trás desse fenômeno e falar sobre como o racismo ambiental se manifesta na nossa sociedade, o Revoar convidou duas lideranças negras que vêm atuando nessa agenda no Brasil, Amanda Costa, colunista da Agência Jovem de Notícias e criadora do projeto Perifa sustentável, e Diosmar Santana Filho, geógrafo, doutorando no PÓSGEO-UFF, pesquisador e coordenador do projeto “Mudanças Climáticas em face do Reconhecimento dos Territórios Negros” da ABPN.

O programa apresenta o que é racismo climático, como ele ocorre e quem são as vítimas. Fala das injustiças provocadas por um sistema estruturalmente racista, causador de desigualdades e da crise climática. Debate sobre políticas e práticas racistas de longa data que levaram a uma maior vulnerabilidade dos negros aos impactos das mudanças climáticas e outras crises globais. E conclui que, sem olhar para o racismo silencioso embutido nas decisões de clima, não se consegue combater as injustiças que criam tanto a crise climática como o racismo estrutural.

Aprofunde-se no tema

Ao final do episódio, nossos apresentadores e convidados indicam livros, filmes, documentários e artigos que colaboram para o aprofundamento do tema discutido. Confira:

Joana Setzer indica:

• O filme “Erin Brockovich“, de Steven Soderbergh.

Já, Conrado Hubner Mendes:

• A palestra ”Justiça climática não pode acontecer sem justiça racial” de David Lammy no TED Talks .
• E a palestra “Racism and Climate Change Are About You” de Atyia Martin também no TED Talks.

 Amanda Costa indica:

• O documentário “Solo Fértil”, de Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell.     
• O livro “Racismo estrutural”, de Silvio de Almeida pela editora Letramento

Diosmar Santana Filho recomenda:

• O documentário “Tambores de água: um encontro ancestral” (2008), de Clarissa Duque
• O curta-metragem “Danço com Xangô”, de Diosmar Santana Filho

Áudios utilizados no episódio 05

Trecho da video-aula “História da escravidão” do canal Descomplica, no Youtube

Vídeo sobre racismo ambiental do Canal Preto, no Youtube

O Revoar é publicado semanalmente, às quintas-feiras, sempre no começo do dia. A temporada Crise Climática e Democracia é apresentada por Joana Setzer e Conrado Hubner, com produção da Rádio Novelo. Para falar diretamente com a equipe, escreva para revoar@laut.org.br.

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