A democracia dá conta do clima?

Mais de 2.500 anos depois da sua invenção na Grécia Antiga, a democracia é hoje o regime mais valioso, mais digno de respeito e com maior legitimidade. O autogoverno coletivo deixou de ter competidores à altura e está em todos manuais e cartilhas sobre política. Nele, o povo conseguiria governar a si mesmo e ter suas liberdades respeitadas. Mas por que, então, a democracia tem falhado diante da crise climática?

O voto nos daria o poder de escolher nossos rumos – ao contrário de um regime não-democrático, que não dá ao povo essa chance, e melhor não reclamar. Porém, será que governos preocupados em se eleger e reeleger conseguem equacionar o desafio do clima? Será que as paixões, as ansiedades e neuroses da democracia conseguem enfrentar de forma racional e eficiente a crise climática? E mais: dado que o autoritarismo climático também não é uma saída eficaz, qual regime vale defender?

Para refletir sobre essas questões, o Revoar conversa com Natalie Unterstell, especialista em políticas climáticas e riscos, Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, e Paloma Costa, assessora do Instituto Socioambiental e jovem consultora da ONU em mudanças climáticas.

Sem tentar prever se a democracia enfrentará a crise climática ou se emergirá um regime que não reconheceremos com este nome, o episódio ‘A democracia dá conta do clima?’ mostra que é necessário tornar a democracia mais representativa, mais participativa, mais deliberativa, mais integrada (transterritorial), mais sensível às futuras gerações e mais permeável ao interesse público.

O programa também aborda os desafios do regime democrático no enfrentamento da crise climática: inimigos internos (negacionismo, desinformação, retórica populista, recusa da legalidade); dificuldade para agir a longo prazo e para levar em conta as futuras gerações; interferência do poder econômico dos que perdem com a transição para a economia; e desigualdades.

Além disso, o podcast pondera sobre os benefícios da agenda climática para o Brasil. Reflete sobre a importância de uma instituição representativa, como o Congresso Nacional, nas negociações climáticas. E fala dos ajustes necessários – em processos, governança, empoderamento etc. – para que a democracia possa enfrentar o clima antes que o clima acabe com a democracia.

Aprofunde-se no tema

Ao final do episódio, nossos apresentadores e convidados indicam livros, filmes, documentários e artigos que colaboram para o aprofundamento do tema discutido. Confira:

Joana Setzer e Conrado Hübner indicam:

• O documentário ‘Isso Muda Tudo‘ (2015), dirigido por Avi Lewis

Natalie Unterstell indica:

• O filme ‘Professor Polvo’ (2020), dirigido por Pippa Ehrlich e James Reed

Márcio Astrini sugere:

• Algumas práticas: ler, ver filmes, escutar música, fazer trabalho voluntário e se desconectar do mundo virtual para viver mais a vida analógica. 

 Paloma Costa indica:

• O livro ‘A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami’, de Davi Kopenawa Yanomami, pela Editora Companhia das Letras
• O documentário ‘Raoni’ (1978), dirigido por Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha
• O documentário ‘Antes da chuva’ (2018), dirigido por Otávio Almeida, disponível na íntegra no YouTube
• A canção ‘Índio do Brasil’, de Matsipaya Waura Txucarramãe

O Revoar é publicado semanalmente, às quintas-feiras, sempre no começo do dia. A temporada Crise Climática e Democracia é apresentada por Joana Setzer e Conrado Hübner, com produção da Rádio Novelo.

Para falar diretamente com a equipe, escreva para revoar@laut.org.br.

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